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Projeto da Regional doa mais de 90 livros para Biblioteca da Unidade Prisional

Por weberson dias. Em 28/06/18 17:00. Atualizada em 28/06/18 17:22.

Os livros foram doados pelo projeto de extensão da UFG que tem como objetivo apresentar outro mundo para os reeducandos da Unidade Prisional na Cidade de Goiás. 

Esta semana a equipe do Coletivo Feminista G-SEX, através do projeto de extensão “Leituras que libertam”, fez a doação de 95 livros para a abertura da Biblioteca da Unidade Prisional da Cidade de Goiás. O projeto, em parceria com o judiciário, prevê que à medida que os reeducandos do regime fechado e semiaberto voluntariamente leem os livros e fazem a resenha deles suas penas sejam reduzidas, conforme benefício de “remição da pena pela leitura”, previsto na Lei de Execução Penal nº 7.210/1984 e Recomendação 44/2013, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

O projeto funciona assim: após fazer a leitura e a resenha dos livros, a professora da Unidade Prisional constata a leitura completa e encaminha os próprios textos para o judiciário. As resenhas são juntados ao processo do reeducando e o juiz determina as remições que aquele tem de direito.

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Na solenidade estiveram presentes a juíza da 1a Vara Cível, Criminal da Comarca de Goiás, Alessandra Gontijo do Amaral, o diretor da Unidade Prisional da Cidade de Goiás, Ledney Dorian Cordeiro Mendonça, a coordenadora do Coletivo Feminista G-SEX e professora do curso de Serviço Social da Regional Goiás, Maria Meire de Carvalho, e o coordenador da 2a Regional Prisional Noroeste, Aristóteles Camilo; além das participantes do coletivo e professores das Unidades Prisional. Na oportunidade, ainda, foi entregue o catálogo dos livros disponibilizados gratuitamente pela Centro Editorial e Gráfico da UFG (Cegraf), também protagonista nesta ação.

 

Remição

Segundo a juíza da 1a Vara Cível, Criminal da Comarca de Goiás, Alessandra Gontijo do Amaral, a remição de pena acontece por três motivos: trabalho, estudo e leitura. “Neste último caso, os reeducandos fazem a leitura de uma obra entre os dias 22 e 30 de cada mês. Eles podem ler até 12 obras por ano e cada obra resenhada lhes garantem a remição de 4 dias de pena. No final do ano, cada reeducando leitor pode ter no máximo 48 dias de pena a menos”, explicou ela. Para nós, qualquer quantidade de leitores é uma vitória, além do que, a leitura pode chamar a atenção deles e despertá-los para o outro lado da vida”, acrescentou a magistrada.

 

Bibliotecas

A professora Maria Meire explicou que o nome do projeto de extensão “Leituras que libertam” é uma metáfora real. Mas o trabalho não para após a biblioteca ser montada. “A doação materializada dos livros é um eixo que move a levada de discussões com temas como empoderamento feminino, violência doméstica, sexualidade e previdência social, tornando-se um importante elemento para que cheguemos na comunidade e façamos os debates que os vilaboenses realmente precisam”, assegurou ela.

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Foi o que aconteceu com a inauguração da primeira biblioteca, entregue em 2015 com mais de 280 livros para mulheres da Associação do Assentamento Bom Sucesso, no município de Goiás, e que até hoje está em pleno funcionamento. Segundo Maria Meire, a proposta do G-Sex vai além da doação de livros, não se trata de uma ação isolada e está sendo bem recebido pela comunidade. “Acompanharemos para ver se os objetivos propostos foram alcançados com as doações e o que ela implica em resultados positivos para os beneficiados diretamente com os livros”, assegurou a docente da UFG.

A próxima biblioteca será montada no Centro de Convivência e Apoio ao Idoso (Conviver) na primeira quinzena de agosto deste ano. “Lá, nossa proposta é também trabalhar o perfil dos idosos e discutir temas como o estatuto deles, a sexualidade na melhor idade e a violência contra as pessoas com mais idade”, pontuou ela.

 

Reeducação

O diretor da Unidade Prisional da Cidade de Goiás, Ledney Dorian Cordeiro Mendonça, explicou que a biblioteca será montada na “cela escola” e funcionará no contraturno. “Vejo esse projeto com bons olhos, por dois motivos: primeiro, que a leitura proporciona uma visão de mundo ilimitada, sendo capaz de ampliar horizontes; segundo, que os presos precisam de ocupação. Se a gente numa população carcerária de 70 presos tiver 15% deles presos envolvendo em atividades de trabalho e de estudo, isso já é muito positivo. Nossa ideia é atender o maior número possível de reeducandos”, afirmou ele, assegurando que quando os reeducandos se ocupam com os estudos, deixam de se envolver com atividades ilícitas dentro da prisão.

 

Agradecimento

A juíza da 1a Vara Cível, Criminal da Comarca de Goiás, Alessandra Gontijo do Amaral, ainda agradeceu a professora Maria Meire. “Ela é uma representante da comunidade em todos os aspectos: faz um trabalho digno de respeito e em prol de todos, é uma pessoa dinâmica e empenhada nos projetos que desenvolve. Por conta disso, tem todos os requisitos de uma pessoa que a gente recorre sabendo que vai resolver essas situações da comunidade local”, finalizou.

 

 

Fonte: Weberson Dias

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