Obra de docente é selecionada para exposição em evento de Britânia/GO
Em entrevista Emilliano Freitas fala sobre sua obra e o Salão Nacional de Pequenos Formatos
Num contexto de pandemia, o Salão Nacional de Pequenos Formatos de Britânia chega à sua segunda edição de maneira virtual e com três subtemas: "Eu, comigo", "A máscara" e "O poder". Quase 2 mil artistas se inscreveram para a mostra, 25 deles selecionados para a participação no catálogo do evento. Um deles é o professor Emilliano Alves de Freitas Nogueira, do curso de Arquitetura e Urbanismo da Regional Goiás da Universidade Federal de Goiás (UFG). O docente é responsável pela obra "Pose", série de desenhos a grafite realizados em papéis de caderno destacado.
Emilliano é arquiteto e urbanista pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e é doutorando pelo Programa de Pós-Graduação em Arte e Cultura Visual da Faculdade de Artes Visuais (FAV/UFG). Criado em Tupaciguara, município da região do Triângulo Mineiro com população semelhante a de Goiás, Freitas recupera nos seus desenhos momentos da sua infância em que transparecem as referências de cultura pop entre os anos 1980 e anos 1990 que formaram sua subjetividade.
Em entrevista, Emilliano responde algumas perguntas sobre o seu trabalho e sobre a experiência de expor no Salão Nacional de Pequenos Formatos de Britânia. Confira:
Uma das coisas que chama a atenção no seu trabalho é o título. De onde vem os nomes da sua coleção de desenhos?
Essa série de desenhos (Pose) é uma reflexão sobre a construção dos corpos masculinos na infância e para isso uso como referência fotos da minha infância do final dos anos 1980 e início dos anos 1990. Os nomes desses desenhos vêm das músicas que eu ouvia nessa época, num radinho que tocava fitas cassetes da Xuxa, do Trem da Alegria, do grupo Dominó e das Paquitas. A cultura pop preencheu minha infância com suas músicas, coreografias, clipes, programas de TV e revistas com modelos fazendo pose, sendo responsáveis pela produção da minha subjetividade.
Você utiliza recursos simples para a obra (papel de caderno e grafite). Por quê?
Sempre penso na técnica como uma camada conceitual do trabalho. Recolhi esses papéis de caderno há muito tempo em uma loja que estava fechada há décadas em Tupaciguara (minha cidade natal). Escolhi esses papéis pautados para esses desenhos porque eles guardam em si uma expectativa frustrada de uso, visto que acabariam se perdendo nas prateleiras empoeiradas sem nunca serem utilizados em uma sala de aula. É uma memória do nada que eu preencho com as minhas através de um desenho simples a lápis e, ao apresenta-los ao público, dou a chance da identificação com a obra, visto que quase todo mundo já desenhou em um caderninho desses.
O Salão Nacional de Pequenos Formatos de Britânia é um evento de arte relativamente novo, de uma cidade pequena, fora dos eixos metropolitanos e no qual se inscreveram muitos artistas. Qual é a importância de participar desse evento?
Estar entre os 25 artistas selecionados, entre os quase 2 mil inscritos de todo o Brasil para esta edição, me deixou extremamente feliz. Em 2020 o salão está ocorrendo excepcionalmente on-line dada a pandemia do covid-19. O fato desse salão ser organizado pelo Museu de Arte de Britânia, uma cidade pequena do estado de Goiás, é uma forma de discutir a criação e a circulação da arte contemporânea no interior do país. Fazer parte desse movimento, morando e trabalhando em uma cidade pequena, no centro-oeste, na periferia do sistema de arte contemporânea, é uma oportunidade de estar nesse movimento de democratização da produção, pensamento e acesso à arte ao lado de outros artistas nacionais que admiro muito.
2º Salão Nacional de Pequenos Formatos de Britânia

Desenho em grafite sobre papel pautado A Royal.
2020
Fuente: Arthur Maresca, Emilliano Freitas e MABRI