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SEMANA INDÍGENA 2024

Por Amanda Peregrine. Em 09/04/24 19:52. Atualizada em 09/04/24 19:57.

Começou a programação do Abril Indígena no Câmpus Goiás.

Marawê (Boa noite em Xavante)!

Hoje, dia 09/04/2024 ocorreu a segunda atividade da programação do Abril Indígena, promovido pelos NEABIS dos Câmpus da Cidade de Goiás da UFG e do IFG e pelo OFUNGO do Câmpus Goiás da UFG. A proposta era a de uma oficina de línguas, para que a comunidade acadêmica e a comunidade em geral entrassem em contato com as línguas de algumas etnias, tais como as Karajá, Xavante, Xerente e Atikum. Mas a verdade é que o encontro foi muito profundo, de tal maneira que nos provocou muitas reflexões.

Há muitos mitos sobre povos indígenas e suas comunidades. Por exemplo, que as comunidades não conseguem expressar posse. Entretanto, a expressão “é meu” foi falada e escrita da seguinte forma: Whahãro (em Karajá), Waitê (em Xerente) e Itê (em Xavante).

Timari Karajá nos falou que estão na Universidade por uma questão de necessidade, para conquistarem respeito e dignidade para suas comunidades. Mas que encontram muito preconceito na cidade.
Eles sabem que quando entram na Universidade perdem muito de sua cultura e que alguns aprendizados são relevantes, tais como o respeito à comunidade LGBTIA+, mas que praticamente estudam coisas de branco, que eles não sabem como vão levar isso de forma significativa quando retornarem para suas comunidades, quando forem professores/as.

A partir dessa fala, nós – professoras e professores – temos um desafio para aprender a acolher e para aprender a ensinar. De que maneira podemos fazer com que nossas disciplinas tragam o respeito e a dignidade que essas pessoas dessas comunidades vieram buscar?

Até que ponto não somos os novos jesuítas, ao impormos nossas regras, nossas religiões, nossos saberes e nossos costumes, causando epistemicídio?

Os professores e professoras reclamam que não possuem formação e preparado adequados para receber as comunidades indígenas na Universidade, mas pouco ou quase nada participam de momentos formativos que os possibilitem aprender e ouvir os indígenas e suas necessidades pedagógicas.

Os povos indígenas tinham a posse da terra, pois que a posse está no uso. Mas colonizadores dizimaram, mataram e escravizaram. Os que conseguiram permanecer longe ou os que fugiram da tal “civilização” são os verdadeiros herdeiros da terra. E qual a nossa responsabilidade com esses herdeiros?

Esperamos que nos próximos encontros possamos contar com um comprometimento maior de nossos/as colegas, pois os NEABIs estão a apresentar questões, mas as soluções precisam ser pensadas coletivamente.


Tenharêtê (Obrigada em Xerente)!

 

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