Mesa Janira

Janira Sodré faz palestra na Regional Goiás da UFG

Por weberson dias. Em 12/08/16 18:19.

O evento foi promovido pelo G-SEX, coordenado pela professora Maria Meire de Carvalho.

 

O Grupo de Estudos, Pesquisa, Extensão e Cultura Gênero, Direitos e Sexualidade (G-SEX), da Regional Goiás da UFG promoveu na noite da última terça-feira, uma aula pública com a professora Janira Sodré Miranda, com o tema "Gênero e Raça: Experiências na Sociedade Brasileira. A mesa foi presidida pelas professoras Maria Meire de Carvalho - coordenadora do G-SEX - e Silvana Beline, e a bibliotecária Esdra Basílio, também pesquisadora de gênero e sexualidade. Estudantes de todos os cursos da Regional Goiás da UFG e do Instituto Federal de Goiás (IFG) participaram do evento.

fala Janira

Com propriedade e experiência para discorrer sobre o assunto, a presidenta do Conselho de Igualdade Racial do Estado de Goiás fez uma fala focada na presença e invisibilidade do negro na sociedade brasileira. Ressaltou também a realidade dos 40 mil africanos que chegaram em Vila Boa, após dias e dias a pé do litoral brasileiro até a terra dos Goyazes. Segundo ela, é uma memória que não pode ser esquecida, já que pedras e paredes reivindicam a memória do trabalho e a construção da mão negra. Para ela, é preciso reinventar a liberdade e reconstruir uma nova história para o negro no Brasil. A professora citou ainda a Revolta dos Búzios, cuja protagonista foi a negra Luiza Marrin, uma negra soteropolitana que foi investigada, processada e desapareceu dos registros oficiais. Em seguida, fez uma relação da negritude com as Congadas de Goiás, os privilégios da branquitude e a caraterização da beleza negra.

Por fim, citou a professora Lélia Gonzales, que, no doutorado, estudou a relação dos corpos de mulheres negras. A pesquisadora observou que os corpos seguiam duas narrativas: corpo para entretenimento, citando o caso da globeleza, e corpo da mãe-negra, cuidadosa. Em seguida, falou do trabalho doméstico e a dificuldade enfrentada pelas empregadas que são submetidas à condições de trabalho degradantes e com requintes de escravidão. “As clivagens de raça e gênero ainda se constituem um fator de desigualdades, no direito a participação e no acesso aos nossos espaços de produção do conhecimento e saberes. São operações de raça e gênero que ainda prejudicam a qualidade inclusive da produção de conhecimento na área de ensino, pesquisa e extensão. Penso que a pluralidades dos desafios, temas e debates, podem qualificar o que fazemos no ambiente acadêmico. A universidade precisa ajudar a sociedade a transformar seus padrões de desigualdade, visto que são temas que tem a ver diretamente com a função de democratização dos espaços, uma das funções da universidade”, destacou Janira Sodré.

 

Palestra

Após a palestra, a estudante do 1o período do Serviço Social, Andreza Souza, estava maravilhada. “Já sou membro do G-SEX e pretendo continuar no grupo para discutir as questões que nos dizem respeito”, afirmou a acadêmica.

De acordo com a professora Maria Meire de Carvalho, o evento foi surpreendente. “Janira fez uma fala reflexiva de gênero e raça na experiência brasileira e prendeu a atenção dos participantes até o final”, analisou. Segundo a professora, os trabalhos do G-SEX continuam no próximo dia 24, com um evento em parceria com o Crimideia.

foto posada Janira

Perfil

Janira Sodré Miranda é presidenta do Conselho de Igualdade Racial do Estado de Goiás, desde 2013; professora da Coordenação de Filosofia e Ciências Humanas do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás, atuando nas disciplinas de Teoria da História, História da África e Cultura Afro-brasileira e Educação para as Relações Étnicorraciais; membro da Comissão de Políticas de Igualdade Racial do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás, coordenadora do Núcleo de Estudos Gênero, Raça e Africanidades IFGoiás/Campus Goiânia e do Programa de Estudos e Extensão Afro-brasileiro da Pontifícia Universidade Católica de Goiás. Janira é graduada em História (UFRR), especialista em História (PUC-SP) e mestre em Ciências da Religião (UMESP). Foi diretora do Instituto de Pesquisas e Estudos Históricos do Brasil Central da PUC-GO, entre 2003 e 2007

Fonte: Weberson Dias/ ASCOM da UFG Regional Goiás

Categorias: Noticias